Os debates “Pretas no Poder”, organizados pela rede ELLA, ofereceram um espaço de reflexão profunda sobre questões essenciais para a sociedade brasileira. O primeiro encontro, intitulado “O que é Racismo Estrutural?”, contou com a participação da professora Helena Theodoro e da escritora e pesquisadora Juliana Borges. No segundo evento, o tema “Maternidades Negras” foi conduzido pela comunicadora e ativista Xan Ravelli, abordando as lutas e resistências das mães negras no Brasil.
No debate sobre racismo estrutural, Helena Theodoro traçou um panorama histórico que revelou como as desigualdades raciais no Brasil estão profundamente enraizadas nas estruturas sociais, econômicas e culturais, desde o período colonial. “A subalternização da população negra foi a base para a construção de nosso sistema”, afirmou a professora, destacando a importância de soluções estruturais para enfrentar o problema. Juliana Borges complementou a discussão com uma análise do sistema de justiça e das políticas criminais, destacando a criminalização dos corpos negros e o genocídio da juventude periférica. “Precisamos construir contra-narrativas que valorizem a história e as vivências negras para desconstruir estereótipos”, destacou Juliana.
No segundo debate, Xan Ravelli abordou as múltiplas camadas que atravessam as maternidades negras, relacionando o racismo estrutural aos desafios enfrentados por essas mulheres. “É essencial criar redes de suporte e desconstruir os estereótipos que desumanizam as mães negras”, disse a ativista, ao discutir temas como a precarização do trabalho e a ausência de políticas públicas de apoio à maternidade. Xan também destacou as vivências de filhos de mães negras, apontando a construção de afetos e identidades como formas de resistência cotidiana.
Segundo Dríade Aguiar, mediadora dos encontros, os debates foram além de momentos de aprendizado, transformando-se em espaços de ação coletiva. “O Pretas no Poder já acontece há anos em diferentes formatos, como feiras e festivais, mas encontrá-lo na CAUSA neste formato de debate foi uma das versões mais bonitas até agora”, afirmou. O evento reforçou a necessidade de transformar o conhecimento em prática, promovendo um futuro mais inclusivo e acolhedor para as mulheres negras e suas famílias.